Exatamente isso, precisamos repensar as formas como produzimos, como consumimos. A nossa própria estrutura precisa ser repensada. E o crucial é entender e observar que essa mudança não ocorre à custa do desenvolvimento, pois a economia continuará livre para crescer, porém de uma forma diferente.
Rapidez virou sinônimo de vendas e mais vendas, e isso só se fez possível graças ao apetite aparentemente incansável dos consumidores, que desde o início da revolução industrial esqueceram quais a suas reais necessidades, e iniciaram um processo de desejo por novos produtos cada vez mais intenso. Essa forma de pensamento fez com que as pessoas acreditassem que o crescimento só se daria se a produção fosse em massa, além de tornar a o desejo por novidades e bens materiais como algo natural e desejável.
Mas as novas gerações questionam, precisamos disso tudo para viver? O que realmente necessitamos? Passamos da era de apenas nos vestir , alimentar por necessidade básica, é claro que temos desejos e expressões pessoais, mas como podemos lidar com isso para produzirmos e consumirmos melhor?
Frear os nossos processos é mais do que simplesmente eliminar o consumo, representa uma visão de mundo diferente, uma ruptura nas práticas atuais, é uma tentativa de construção de um consumo mais ético, mudando a nossa percepção de valor, criando relações de confiança, qualidade e porque não dizer amor com os produtos.
Será que sabemos o que nos é suficiente? A cultura do ter, do “mais é melhor” foi perpetuada nas últimas décadas de consumo. No entanto as pessoas não se tornaram mais felizes por isso. Através dos hábitos de exagero elas passaram a ter menos tempo para si mesmas e passaram a ter rotinas exaustivas de trabalho para sustentar seus estilos de vida e consumo. E será que isso tudo vale mesmo a pena?
Da mesma forma que o solo é utilizado para a agricultura depredativa, cujo o único foco são os rendimentos, nossas reservas emocionais e psicológicas também estão se esgotando, estamos em um cenário onde o planeta e as pessoas estão no seu limite, por mais quanto tempo seremos capazes de suportar? É um tempo de reflexão.
Os seres humanos são complexos, com valores e atitudes diferentes, mas ao nos sentimos ameaçados passamos a agir em favor de todos. A medida que nossos recursos estão acabando, que o planeta está morrendo aos poucos, e quando produzimos muito mais do que consumimos, chegou o momento de fazermos algo para parar.
É o momento para repensar e gerar uma manifestação física de como nós interpretamos e moldamos nosso mundo para refletirmos quem somos como indivíduos. Não iremos parar de consumir, mas iremos fazê-lo de forma diferente. E já que o consumismo faz parte do que somos, esse contexto de mudança é essencial para criarmos as novas perspectivas e valores de uma sociedade em evolução.
Nessa nova fase queremos encontrar produtos que nos alimentem a alma. As marcas devem estar atentas as sutilezas de nossas novas necessidades como consumidores e o modo como nos relacionamos com as questões sustentáveis.
Queremos sim saber de onde vem os nossos produtos, quais os impactos da cadeia produtiva no sistema, mas muito mais que isso, eles precisam despertar e possibilitar conexões emotivas para fazer com que realmente faça sentido o “consumir”.