Ela veio mesmo
O aguardado retorno de Amy Winehouse aos palcos se deu no Brasil e em Florianópolis, no Summer Soul Festival, no último sábado, 8 de janeiro. A principal atração da noite, que contou ainda com Mayer Hawthorne e Janelle Monáe, começou seu show às 00:45h, quando as 12 mil pessoas que esperavam a cantora se espremeram na área de shows do Stage Music Park, em Jurerê, e puderam testemunhar uma apresentação contida da diva.
Amy surgiu tímida e sorridente, bebendo apenas água, e estava com a voz impecável. De cara cantou três canções do disco Back to Black, começando com Just Friends e seguindo para Back to Black e Tears Dry On Their Own. Durante o show de cerca de 70 minutos ela interagiu pouco com o público e parecia distante, porém feliz. Por três vezes se ausentou rapidamente do palco, gerando buchichos, e chegou a deixar a banda sozinha acompanhando o backing vocal Zalon que cantou Everybody Here Wants You e What a Man Going to Do, enquanto ela sentava-se ao lado da bateria.
Resumindo, quem foi pronto para curtir a diva doidona da soul saiu satisfeito. Quem foi atrás de defeitos também. Amy teve uma performance morna, esqueceu as letras e a toda hora consultava o baixista sobre o que viria a seguir. Em outro momento a cantora chegou a confundir a garrafa de água mineral com o microfone, causando risadas.
Mas a voz incrível que ela tem, que sai sem força alguma, e sua presença se impôem fazendo com que esqueçamos de todos os defeitos e interrupções. Muita alma como deve ser a soul music.
O momento alto do show foi um dos maiores sucessos da cantora, Rehab, que o público acompanhou em uníssono. Em seguida uma longa apresentação da banda e mais dois grandes sucessos do álbum Back To Black, You Know I’m No Good e Me and Mr Jones, após os quais a diva e a banda deixaram o palco e o público com aquele gosto de quero mais.
Voltou então para um bis com You’re Wondering Now e uma bela versão de Valerie, que encerrou esta primeira apresentação de Amy Winehouse no Brasil.
Soulman
Mayer Hawthorne encarou a tarefa de abrir o Summer Soul chamando “quem quer festa para a frente do palco”. Em 45 minutos deixou uma ótima impressão e balançou o público que queria e conhecia apenas Amy Winehouse. Com certeza conquistou muitos novos fãs. Carismático, entrou saudando a cidade e fez um show animado onde cantou até um trecho de uma música do rapper Snoop Dogg, Beatiful.
Nova diva
O segundo show da noite, com Janelle Monáe, foi o mais produzido. Na entrada um vídeo deu o clima sci-fi do álbum The Archandroid e um MC apresentou a cantora, que entrou com uma big band e dançarinos. Janelle cantou, dançou, trocou de figurino e descabelou o topete, saindo por um momento para consertá – lo. Destaque para o incrível guitarrista Kellindo ( esse é o nome mesmo) que cheio de influências hendrixianas fez uma performance incendiária. Um dos pontos altos do show foi o dueto dele com Janelle cantando o clássico de Charles Chaplin, Smile.
Encerrando o show, Janelle cantou o single Tighrope e deixou o público satisfeito e pronto para Amy Winehouse. No sistema de som Purple Haze com Jimi Hendrix. Um alívio que durou pouco. Logo, assim como antes e durante as outras apresentações, a casa colocou no som ambiente um house farofa altamente deslocado da proposta do festival.
Fotos: Ique Iahn