Maria Joaquina é uma menina linda. Maria Joaquina tem hoje 11 anos. Maria Joaquina tem dois pais. Maria Joaquina tem um irmão, chamado Carlinhos e uma irmã chamada Talhia. Maria Joaquina nasceu João Vitor.
Há três anos os três irmãos foram adotados por Gustavo e Cleber. Maria tinha cabelão, fruto dos descuidos de sua primeira e traumática infância. Vivia sem cuidados, sem escola, meio na rua, sem condições de higiene.Maria era um menino.
Quando chegou, a primeira coisa que os novos pais fizeram foi cortar o cabelo dela, ainda ele. Estava com muitos nós, comprido. Maria ficou arrasada. Um mês depois começou a demonstrar insatisfação em relação ao seu corpo de menino. Dizia que era menina e queria ser chamada de Maria. No começo os pais acharam que poderia ser a extrema timidez. Acharam que poderia ser a defasagem de desenvolvimento que Maria tinha que a fazia se sentir assim. Porém a situação permaneceu. Nada mudaria aquilo.
E a situação não é fácil. Mesmo para um casal gay. As preocupações vieram à cabeça: ela vai sofrer, como vai ser? Conseguiram uma vaga no AMTIGOS (Ambulatório de transtornos de identidade de gênero e orientação sexual), no Hospital das Clínicas, em São Paulo para acompanhamento psicológico, psiquiátrico, endócrino e com assistente social. Lá viram centenas de outros casos de crianças trans. E assim deixaram a vida da Maria seguir no ritmo dela.
E o ritmo dela é uma loucura. Quando ela chegou ainda não sabia ler e dos três é a que tem mais dificuldades escolares. Porém é nos patins que Maria destrói. Aprendeu rápido e em pouco tempo já sabia patinar nas rodas e no gelo. Os pais têm uma escola de patinação em Curitiba e Maria aproveita cada minuto dos seus intensos treinos diários e realiza com maestria manobras que dão até frio na barriga. Por ser trans Maria foi impedida de competir em rodas, o que a deixou bastante decepcionada. Mas não desistiu e então depois da tempestade veio a bonança e Maria foi aceita na categoria gelo e vai competir no ano que vem. Nesta categoria não há empecilhos para transgêneros. Os pais correm atrás de patrocínios.
Maria parece uma criança absolutamente normal. Adora brincar, é super agitada e animada, está sempre sorrindo… nada que lembre seu passado complicado. Quando perguntada sobre seu futuro ela diz que quer continuar patinando e competindo. Disse que estará com bastante saúde. Disse também que quer ter três filhas. E quando perguntada sobre qual seu maior desejo ela é clara: queria que as pessoas fossem livres, independente do sexo… queria que as pessoas trans fossem tratadas igualmente e pudessem competir. Dentro do seu tímido mundo é um pedido que parece bastante simples, não?
Maria ainda não hormoniza, porém em 6 meses iniciará o tratamento bloqueador da puberdade, que impede o desenvolvimento das características masculinas que ela rejeita.
O mínimo que podemos fazer por ela é torcer para que seu pedido seja atendido. O quanto antes.
Quando chegou, a primeira coisa que os novos pais fizeram foi cortar o cabelo dela, ainda ele. Estava com muitos nós, comprido. Maria ficou arrasada. Um mês depois começou a demonstrar insatisfação em relação ao seu corpo de menino. Dizia que era menina e queria ser chamada de Maria. No começo os pais acharam que poderia ser a extrema timidez. Acharam que poderia ser a defasagem de desenvolvimento que Maria tinha que a fazia se sentir assim. Porém a situação permaneceu. Nada mudaria aquilo.
E a situação não é fácil. Mesmo para um casal gay. As preocupações vieram à cabeça: ela vai sofrer, como vai ser? Conseguiram uma vaga no AMTIGOS (Ambulatório de transtornos de identidade de gênero e orientação sexual), no Hospital das Clínicas, em São Paulo para acompanhamento psicológico, psiquiátrico, endócrino e com assistente social. Lá viram centenas de outros casos de crianças trans. E assim deixaram a vida da Maria seguir no ritmo dela.
E o ritmo dela é uma loucura. Quando ela chegou ainda não sabia ler e dos três é a que tem mais dificuldades escolares. Porém é nos patins que Maria destrói. Aprendeu rápido e em pouco tempo já sabia patinar nas rodas e no gelo. Os pais têm uma escola de patinação em Curitiba e Maria aproveita cada minuto dos seus intensos treinos diários e realiza com maestria manobras que dão até frio na barriga. Por ser trans Maria foi impedida de competir em rodas, o que a deixou bastante decepcionada. Mas não desistiu e então depois da tempestade veio a bonança e Maria foi aceita na categoria gelo e vai competir no ano que vem. Nesta categoria não há empecilhos para transgêneros. Os pais correm atrás de patrocínios.
Maria parece uma criança absolutamente normal. Adora brincar, é super agitada e animada, está sempre sorrindo… nada que lembre seu passado complicado. Quando perguntada sobre seu futuro ela diz que quer continuar patinando e competindo. Disse que estará com bastante saúde. Disse também que quer ter três filhas. E quando perguntada sobre qual seu maior desejo ela é clara: queria que as pessoas fossem livres, independente do sexo… queria que as pessoas trans fossem tratadas igualmente e pudessem competir. Dentro do seu tímido mundo é um pedido que parece bastante simples, não?
Maria ainda não hormoniza, porém em 6 meses iniciará o tratamento bloqueador da puberdade, que impede o desenvolvimento das características masculinas que ela rejeita.
O mínimo que podemos fazer por ela é torcer para que seu pedido seja atendido. O quanto antes.
Marcio Banfi
Ficha Técnica:
Maria Maria
Fotos Hugo Toni
Styling Marcio Banfi
Produção de Moda Tatiana Lara
Beleza Hélder Rodrigues
Todos os looks À Lá Garçonne
