Elio Fiorucci: Palavras sábias de uma lenda da moda
25.04.2012
Um homem que revolucionou os padrões de estética de sua época e soube traduzir com perfeição o movimento cultural que chacoalhou os anos 1970 para a linguagem de moda. Elio Fiorucci, fundador da grife italiana que leva seu sobrenome, é uma das grandes referências de nosso tempo. Muito antes das “Concept Stores” ganharem seu espaço nas ruas das metrópoles fashion, Elio trabalhava na curadoria de sua própria loja, ao revender livros, discos e arte junto às roupas, escolher as músicas dos Beatles para sair dos altofalantes e contratar conceituados arquitetos para decorar toda a estrutura interna dos pontos de venda. O segredo visionário de Fiorucci? “[A marca] teve a sorte de nascer em uma época em que a moda era muito rígida, então tudo que fazia era revolucionário,” revelou o criativo para nossa equipe durante o encontro realizado em Florianópolis pela Universidade do Estado de Santa Catarina. “E sempre soube que a criatividade não pode ser barrada por medos. Se você acredita que tem um projeto bom o suficiente, é necessário superar os seus medos para depois quebrar os paradigmas.”
Filho de sapateiro, Elio passou boa parte da infância e adolescência “fugindo” das obrigações escolares para acompanhar o pai nos negócios. Foi quando percebeu o quanto gostava de interagir com as pessoas no dia a dia, e que a moda e o mercado tinham algo fundamental em comum: as relações humanas. Em viagens à efervecente Inglaterra dos anos 1960, Elio começou a traçar o começo da Fiorruci e, ao se acomodar em Nova York na década seguinte, inspirou-se na Pop-Art para introduzir o que se transformariam em marcas registradas, como a estampa patenteada dos desenhos da Disney em roupas para adultos. “Minha criatividade foi muito desordenada,” brinca o estilista. Rodeado de criativos como Andy Warhol, Basquiat e Madonna, o designer se envolveu em diversas manifestações culturais (o lançamento da revista Interview, por exemplo, aconteceu em sua boutique novaiorquina, assim como a recepção para a abertura da Studio 54), mas sempre mantendo o bom relacionamento com os clientes em primeiro lugar. “Ensinei para as vendedoras: se alguém sair da loja sem comprar nada, sorria ainda mais. Pois, quando ela puder, voltará e comprará ainda mais!”
Mas o plano de negócios de Fiorucci não comtemplava apenas as artes e o atendimento aos consumidores. O estilista é mestre trazer o apelo moderno e cool a peças tipicamente comerciais. “A moda é para usar. Caso contrário, teria lugar apenas em um museu. Mas a moda não é um quadro; tem que ser vestida, usada!” enfatiza Fiorucci. “A criatividade não é só pegar um pedaço de papel e fazer algo novo. É também reinventar, reinterpretar o que já existe,” conclui.
Em meados dos anos 1990, a grife Fiorucci foi vendida a um grupo japonês. Mas seu fundador ainda cria ativamente para a nova marca Love Therapy, cujo carro-chefe é o jeanswear, contrapondo às divertidas camisetas com estampas e frases. “Foco em criar aquilo que é belo, então trabalhar com um grande público não é problema algum,” explica Fiorucci quando perguntamos sobre os desafios de produzir para um amplo target de mulheres entre 4 e 25 anos. “O que é belo, dura para sempre. Aquilo que é bem feito, que tem beleza, tem duração longa na vida das pessoas.”
Para a animada plateia que lotou o auditório da Fundação Cultural Badesc na expectativa de ver o lendário designer, Fiorucci ofereceu sábias palavras: “Não é só o dinheiro que nos leva na vida. É o amor. Amem sempre, não importa se você for abrir uma floricultura, uma verdureira ou uma loja de roupas. Tudo que conquistei não foi almejando o dinheiro, e sim o amor.”
Reportagem: Camila Beaumord e Juliana Berkenbrock
Imagens: Juilana Berkenbrock
1 Comentário para “Elio Fiorucci: Palavras sábias de uma lenda da moda”
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Catarina Online
25 de abril de 2012 às 21:30
Parabéns às “Catarinenses” que souberam aproveitar o momento da presença da personalidade, especialmente para Camila e Juliana que em poucas palavras contaram a vida do lendário designer e transcreveram suas “sábias palavras”.
….”tudo o que conquistei não foi almejando o dinheiro, e sim o amor”….