Moda sustentável e ética são expressões que estão cada vez mais presentes no mundo de hoje. Mas nem sempre foi assim. Pesquisando o trabalho de algumas mulheres dedicadas ao tema, Orsola de Castro é, sem dúvida, uma das principais neste meio.
Ela lançou sua carreira no mundo da eco-moda como designer por trás do rótulo From Somewhere, que faz a roupa com materiais que seriam descartados. Logo depois, ela organizou Estethica, uma mostra de moda ética e, mais recentemente, Castro lançou o Fashion Revolution (Revolução da Moda) ao lado de sua parceira, Carry Somers – tornando-se global.
Quem faz suas roupas? Várias das empresas de moda sequer têm uma boa resposta à questão. Mas Orsola declara que é algo que precisamos considerar mais. Assim, nasceu o Fashion Revolution (Revolução da Moda).
A Revolução é “unir pessoas e organizações para trabalharem juntos para mudar radicalmente a forma como nossa roupa é produzida e consumida, para que nossa roupa seja feita de forma segura, limpa e justa”. A hashtag #homademcyclothes que inspira fashionistas a questionarem a produção de suas roupas, é uma das tags mais compartilhadas na indústria e os relatórios gerados pela Revolution Fashion estão servindo como guias para compradores visando um consumo mais limpo.
Todos estamos cientes da mudança maciça para uma melhor compreensão da ética e sustentabilidade na cadeia de fornecimento de moda: os consumidores estão mais informados e exigentes do que antes. As marcas que tradicionalmente ficaram em silêncio sobre suas práticas começaram a abraçar ao tema com seriedade e a implementar as mudanças de acordo.
Na Fashion Revolution Week fashionistas foram incentivadas a publicarem imagens em redes sociais com a hashtag #WhoMadeMyClothes, para que fosse respondido por marcas, varejistas, fábricas e designers, com #IMADEYourClothes, não só conscientizando para a situação de trabalhadores mal remunerados, muitos em fábricas perigosas, mas também trazendo essas pessoas em contato com os consumidores, potencialmente criando um diálogo entre elas.
Em termos de crescimento, o impacto foi medido pelas redes sociais. Apenas durante a ”Fashion Revolution Week”, 113 mil pessoas postaram no Instagram usando a hashtag #whomademyclothes e mais de 5 mil produtores responderam mundialmente com sua própria hashtag #imadeyourclothes. Mais de 556 milhões de hashtags, e o alcance de imprensa on-line apenas em um mês de 2017 foi de mais de 11 bilhões. A Haulternative (iniciativa onde trabalham com YouTubers, encorajando-os a desfrutar de moda sem comprar) teve mais de 4 milhões de visualizações no YouTube. Sem mencionar o filme “The 2 Euro T-shirt – uma experiência social” que ganhou vários prêmios, e teve quase 8 milhões de visualizações no ano passado: https://www.youtube.com/watch?v=KfANs2y_frk
A maior mudança será na próxima geração de designers, muitos dos quais não sonharão entrar nesta indústria sem uma abordagem sólida e bem pensada para a sustentabilidade, com atenção aos materiais escolhidos e seus seus processos de fabricação. Ainda assim, é preciso inovação, especialmente no que diz respeito à criação de materiais sustentáveis.
Matérias-primas são provenientes de fontes sustentáveis renováveis? Quais são os produtos químicos utilizados no processo? Você paga a todos os trabalhadores em toda a cadeia de suprimentos um salário mínimo justo?
”Estamos apontando para um futuro em que não mais precisamos de uma Revolução da Moda. Mas ainda temos muito pela frente.” Orsola de Castro.