Nos últimos anos estamos vivendo um boom midiático em torno do feminismo, e a internet tem sido a grande agente para propagação de informações, sub movimentos e ações de apoio ao movimento.
A uma década atrás quem buscava combater o sexismo não tinha muitos recursos para fazê-lo de maneira pública, e discussão dos valores feministas era escassa, podemos dizer até que era desanimada. Muitos ativistas foram taxados de feminazis por Rush Limbaugh, e inúmeras celebridades, como a popstar Katy Perry , a atriz Shailene Woodley e a atriz Kaley Cuocco rejeitaram até mesmo a palavra feminista.
Mas o cenário mudou. Logo após redes sociais emplacarem e serem altamente utilizadas por internautas no mundo inteiro, as coisas mudaram e as pessoas puderam ser ouvidas. Quando as barreiras e distâncias geográficas foram rompidas, sites como Facebook, Twitter, Tumblr e Instagram tornaram o ativismo mais fácil do que nunca, facilitando os diálogos públicos e criando uma plataforma para conscientização e mudança.
Um termo que tem sido muito difamado, mas é altamente eficaz e tem feito barulho na mídia é o Ativismo hashtag, que tem incomodado muitas empresas e organizações. Monitorar a si mesmas nas redes sociais tem sido uma tarefa diária para essas empresas, já que o ativismo na web através de hashtags, têm levantado discussões e contestado muitas atitudes tomadas por grandes marcas.
O movimento #AskHerMore questiona a forma como a mídia enxerga as mulheres, e estimula a fazer perguntas mais complexas e interessantes às mulheres, em vez do padrão de “como você perde peso?” e “qual o segredo do seu cabelo tão brilhante?”, já a #WhyIStayed abre espaço para mulheres conversarem abertamente sobre violência doméstica, contarem suas histórias e buscarem ajuda na comunidade em volta do tema.
Atualmente toda a vez que uma celebridade declara não ser feminista – como Meryl Streep que se declarou “humanista” e negou ser feminista em uma entrevista – uma série de ativistas e defensores da causa insistem na importância do movimento. A revista Time incluiu “feminism” como uma das palavras que deveriam ser banidas, causou uma revolta do público e fez com que emitissem um “pedido de desculpas”.
Aqui no Brasil, o coletivo feminista Think Olga, que luta contra o assédio em espaços públicos e outros tipos de violência contra a mulher, lançou a hashtag #PrimeiroAssédio no Twitter, após o episódio ocorrido em 2015, onde comentários assediadores foram feitos durante a exibição do Master Chefs Júnior para uma das participantes, que era obviamente uma criança. A hashtag incentivou mulheres a contar quando foi a primeira vez que foram assediadas, e também levantou um grande debate e expôs um problema que é tão enraizado, e é entendido como “brincadeira” ou “normal”.
O aumento da visibilidade de organizações e ativistas feministas independentes nas redes sociais é muito importante, já que assim é mais difícil permitir que a mídia tradicional tente abafar e ocultar o assunto. O caminho a ser percorrido é muito longo, e o ativismo nas mídias sociais sozinho não resolverá os problemas do mundo, mas é tem um grande potencial e é uma arma poderosa para mulheres que lutam contra o sexismo.
Ao invés de tentarmos substituir o ativismo tradicional, como protestos pacíficos e intervenções sociais, por o ativismo nas mídias sociais, devemos usá-los em conjunto para potencializar a causa, e dar voz para todos.