A primeira edição do Congresso Brasileiro de Negócios de Moda aconteceu no início deste mês no Rio de Janeiro. Com organização do Instituto Brasileiro de Moda, o evento englobou uma série de painéis para promover a discussão sobre a gestão das marcas do país. A moda como fenômeno cultural, a construção de valores para a identidade da marca, o design como fator de diferenciação e o branding como fator de geração de negócios foram os temas debatidos por professores universitários, criativos e empresários renomados durante os dois dias do Congresso.
A CATARINA entrou como media partner do evento e oferecerá a cobertura completa em sua próxima edição. Enquanto isso, postamos aqui nossa entrevista exclusiva com André Robic, diretor executivo do IBModa. Saiba como foi o processo de conceituação do Congresso e os planos futuros para o evento.
Catarina: Por que vocês criaram o primeiro Congresso de Negócios de Moda do Brasil? Qual é a necessidade de trazer esse tema para debate?
André Robic: Logo que iniciamos as atividades do IBModa, realizamos uma pesquisa para entender melhor qual o posicionamento que deveríamos dar à área de cursos e conhecimentos, e dessa pesquisa surgiu um conceito que aplicamos até hoje como uma das premissas do IBModa: para uma empresa ser bem sucedida no setor ela deve dominar tanto a área de design como a de gestão. A área de design tem sido bastante contemplada por cursos, palestras e eventos, enquanto a área de gestão de negócios da moda não teve um desenvolvimento tão amplo assim. Partindo da premissa de que essa área é essencial ao setor, pois empresas de moda devem ter o mais completo conhecimento sobre marketing, finanças, logística, recursos humanos e demais áreas da gestão – tudo isso aplicado ao setor da moda, que é bem diferenciado dos demais setores – resolvemos investir ainda mais no desenvolvimento da área de gestão de negócios da moda, criando o Congresso.
Catarina: O que vocês pretendem atingir com o Congresso?
André Robic: Temos em mente diversos objetivos com o Congresso. Em primeiro lugar, queremos chamar a atenção dos empresários, principalmente os pequenos e médios, para a importância da gestão para o sucesso de seus empreendimentos e dar a esse público ferramentas e conhecimentos que lhes permitam criar competitividade para os seus negócios e a moda brasileira em geral. Da mesma maneira, pretendemos chamar a atenção para os estudantes, tanto de moda como de administração, para a possibilidade de fazer carreira no setor da moda também pelo lado da gestão. Outro objetivo é envolver escolas de administração com estudos de moda, promovendo a apresentação de trabalhos acadêmicos voltados ao setor e firmar o evento como o principal fórum para debates sobre a área de gestão de negócios da moda no Brasil.
Catarina: Como foi a escolha da locação e dos temas abordados?
André Robic: O Rio de Janeiro foi escolhido por ser uma cidade que vem desenvolvendo marcas de moda bastante criativas, e tem um potencial natural para o desenvolvimento desse tipo de empresas por a cidade representar em grande parte o estilo de vida brasileiro, admirado e desejado no resto do Brasil e principalmente no exterior. A ideia inicial é fixar a cidade como sede do evento. O Parque Lage, por sua vez, foi escolhido por representar muito da cultura do Rio de Janeiro, ser um local de acesso fácil e conhecido pelo público para o qual o evento foi dirigido.
Nessa primeira edição resolvemos abordar o tema da Gestão de Marcas por ser um tema amplamente atual e um diferencial decisivo na gestão de empresas de moda. Fizemos então uma composição, em que na primeira mesa abordamos a moda pelo seu lado mais conceitual, explorando-a de modo mais profundo, cultural e científico. Partindo do princípio de que para gerir marcas é fundamental que a empresa e o país tenham uma memória estruturada, na segunda mesa discutimos o tema da gestão dessa memória, seja pelo lado empresarial, institucional ou nacional. Na terceira mesa, foi discutida a importância do design como diferencial para a marca e, finalmente, na quarta mesa, escolhemos duas marcas de grande peso e crescimento no mercado, mas com posicionamentos totalmente antagônicos, para exemplificar a utilização da gestão de marcas como ponto alavancador para o sucesso de empresas de moda.
Catarina: Que outros profissionais, além dos convidados, agregariam à proposta do Congresso?
André Robic: O Congresso foi inicialmente concebido pela Diretoria e pelo Conselho do IBModa. A estrutura do Parque Lage foi fundamental à proposta do Congresso, uma vez que a sua composição voltada à arte e à cultura favoreceu imensamente o desenvolvimento de ideias para a sua formatação final. Os profissionais responsáveis pelas escolas de moda do Rio de Janeiro, na pessoa de seus coordenadores, agregaram com idéias e sugestões de palestrantes. Luiza Marcier, estilista do Rio de Janeiro e responsável pelo museu da moda, em desenvolvimento na cidade e Vladimir Sibylla também contribuíram decisivamente para o sucesso do evento, propondo idéias e formação de mesas.
Catarina: Haverá mais edições? Quantas por ano?
André Robic: Sim, a ideia é realizar uma edição anual.
Catarina: O que mais planejam para o futuro do evento?
André Robic: Não está definido ainda o tema para a próxima edição. É até possível que o tema de gestão de marcas se mantenha, cobrindo outras questões não abordadas, mas pensamos subdividir o tema em questões como marketing, vendas, logística, visual merchandising e produção, escolhendo alguns desses temas e compondo mesas específicas, apresentação de trabalhos acadêmicos e premiações.
Camila Beaumord