Estaria o nosso futuro no lixo?

Estaria o nosso futuro no lixo?



Ao pensarmos o nosso futuro e as mudanças que queremos para o planeta, diversos são os questionamentos. Como agir? Quais as melhores soluções? Para onde vai tudo que consumimos? entre outros…

No entanto um dos maiores vilões do planeta é o LIXO. Inúmeros são os estudos que visam buscar alternativas para o descarte/reuso/diminuição do lixo, um dos movimentos que tem ganhado força mundial é o “ZERO WASTE”, que cada vez mais atinge um grande número de adeptos. O desperdício zero não é apenas uma campanha para fazer com que nossos governos mudem a gestão de resíduos, é um movimento que quer mudar a forma como todos nós pensamos sobre o lixo e como administramos o lixo em nossas vidas diárias, porém esse será o foco de outra reportagem.

Pensar sobre o lixo, no entanto, pode não estar claro. Precisamos entender que nesse momento buscar soluções é uma necessidade, pois não há futuro para um mundo que gera resíduos e desperdiça do jeito que estamos fazendo atualmente. É preciso um conjunto de estratégias e ferramentas que buscam eliminar o desperdício e administrá-lo de forma mais assertiva. Vamos pensar no início da cadeia produtiva, geralmente um processo industrial ou artesanal de produção começa, quase sempre, com uma matéria prima virgem, de origem natural. Ela é transformada até tornar-se um produto acabado. Quando este produto não é mais útil ou desejado, ele é descartado. Uma pequena parte dos bens descartados chegam até a reciclagem, enquanto a maioria acaba em lixões e aterros sanitários. Dessa forma acabamos tendo uma demanda maior do que a terra pode nos fornecer e gerando desperdício no final da cadeia.

A sociedade contemporânea no entanto passa a questionar esses processos, e as empresas e pessoas passam a buscar alternativas que auxiliem em novos processos de produção bens. O Upcycling, Downcycling e a Reciclagem, passam a ser ações importantes no desenvolvimento de novos produtos. A questão da reciclagem visa fechar o ciclo: você recicla o material que existe e fecha o ciclo dos materiais. Quando você recicla algo, significa que não tem mais utilidade, você quer reciclar para transformá-lo em outra. O produto do futuro será composto de materiais já existentes no mundo, será pensado para facilitar sua reciclagem e utilizado de forma compartilhada. Várias marcas já utilizam esses processos como alternativas , e trazem do Lixo uma esperança de novos produtos para o futuro, veja abaixo alguns exemplos:

 

Ecoalf

A Ecoalf surgiu em 2009 a partir da frustração do fundador Javier Goyeneche com o uso excessivo dos recursos naturais do mundo e a quantidade de resíduos produzidos pelos países industrializados. Ecoalf simboliza o que ele acredita: que os tecidos e produtos das novas gerações devem ser, uma nova marca de moda / estilo de vida que integra tecnologia inovadora para criar roupas e acessórios feitos inteiramente de materiais reciclados com a mesma qualidade, design e propriedades técnicas que os melhores produtos reciclados. Dessa forma, a marca mostra que não há necessidade de usar os recursos naturais do nosso mundo de maneira descuidada.

A Fundação Ecoalf realizou seu projeto mais ambicioso até o momento: Upcycling the Oceans que é uma aventura global sem precedentes que ajudará a livrar os oceanos do lixo através da parceria com os pescadores. Além disso eles acreditam que a moda não pode ser apenas uma boa aparência e que não há necessidade de continuar usando os recursos naturais de maneira descuidada por isso eles investem em fibras e tecnologias para desenvolver seus produtos. A marca entende que os plásticos desempenham um papel importante em quase todos os aspectos de nossas vidas: hoje em dia usamos cerca de 20 vezes mais plástico do que há 50 anos.Isso se tornou um grande problema para o meio ambiente e a Ecoalf decidiu otimizar a vida útil dos plásticos reutilizando e reciclando itens o maior número de vezes possível. No processo, garrafas de plástico são coletadas e passam por uma série de etapas de limpeza e britagem para obter flocos de plástico que, através de um processo mecânico, são convertidos em fibra áspera de poliéster. Como resultado, a fibra é manipulada para obter a melhor qualidade final. Concluindo essa elaboração, esse fio reciclado é usado para desenvolver todos os produtos da Ecoalf, como tecidos, tiras, rótulos, cadarços e muito mais. Um casado da Ecoalf por exemplo equivale a 80 garrafas pet retiradas dos oceanos.

Gumshoe Amsterdam

Sapatilhas feitas de goma de mascar? Soa bastante irônico, mas a Gumshoe Amsterdam criou esta solução com o único propósito de resolver o problema de gomas de chicletes espalhados pela cidade. A cada ano, 1,5 milhão de quilos de chicletes acabam nas ruas da Holanda. Com a biodegradabilidade da gengiva sendo de 20 a 25 anos e o governo gastando milhões para removê-la das calçadas, a agência de publicidade Publicis One decidiu que era necessário agir.

A Publicis One quer conscientizar as pessoas sobre o impacto da goma de mascar e, ao mesmo tempo, tornar a goma de mascar mais do que um produto de uso único. A agência fez uma parceria com a Gum-Tec, especialista em reciclagem de goma, que encontrou uma maneira de usar goma antiga como uma borracha. Eles se uniram à marca de tênis de Amsterdã, Explicit Wear, para finalmente criar o sapato que inclui um mapa de Amsterdã impresso na sola de borracha do sapato.

Com esta campanha, a cidade de Amsterdã espera estar um passo mais próxima das ruas livres de chiclete e criar consciência entre os usuários de goma de mascar. Os sapatos de goma estão disponíveis na Hudson’s Bay Amsterdam e gumshoe.amsterdam por € 199. Agora as pessoas podem deixar sua marca nas ruas, sem o lixo.

 

Jesper Jensen

Jesper Jensen faz este trabalho de ressignificação com uma atenção ao detalhe que transforma uma commodity em objetos especiais, substituindo facilmente qualquer produto comprado em uma loja de design. Todo o trabalho é feito à mão, no ateliê em Berlim. Todas as manhãs, a equipe da marca dá uma volta de bicicleta pelo bairro para coletar garrafas vazias de vinho, que são então lavadas, limpas, cortadas, moldadas e polidas para virarem copos, vasos e moringas de todos os tamanhos. O produto final ainda é embalado em caixas feitas com as sobras de madeira de caixas de transporte de frutas. Todo o produto é feito do lixo dos outros, e eles sentem orgulho em afirmar isso.

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