Moda e cultura baiana

Juliana Paiva

O I Encontro Estadual de Moda e Cultura da Bahia acontece hoje e amanhã em Salvador. O evento vem ampliar a discussão sobre a rica cultura baiana aliada à moda e ao comportamento. Afinal, quando se fala em economia criativa, projeto que está cada vez mais presente no Nordeste em busca de implementação econômica, não se pode esquecer da moda, do design e da cultura.
 
Entre palestras, debates e apresentações, a cultura do nordeste brasileiro aparece com toda sua riqueza. Estilistas baianas, como Goya Lopes e Luciana Galeão, abusam de identidade brasileira e participam da organização do evento junto com Luciano Cenci, os dois últimos responderam algumas perguntas sobre a moda brasileira e sua identidade cultural, mostrando de que forma o encontro inédito pode agregar no conhecimento mais profundo do mundo fashion.

Como você vê o contexto da moda brasileira na atualidade?
LC: A moda brasileira, em minha opinião, tem crescido por ter muito potencial e criatividade espontânea, mas nosso potencial ainda está para desaflorar. Para isso, temos que iniciar um diálogo eficiente e sustentável com nossa própria identidade cultural – e isso ainda não aconteceu.

Como mudar o distanciamento, não para perder a unicidade de cada região, mas para que a moda vá além dos preconceitos e para que sul/sudeste e norte/nordeste se conheçam melhor?
LC: Tudo neste caminho passa pela conscientização de que estamos juntos e se pensarmos e agirmos em conjunto, seremos mais fortes, enxergaremos além do foco do mercado e teremos benefícios para todos. Estamos num momento histórico em que a tecnologia eletrônica está bem acessível, isso tem que ser aproveitado, assimilado.

De que forma eventos como o I Encontro Estadual de Moda e Cultura da Bahia acrescentam na moda brasileira?
LC: Começamos pelo exemplo de organização, inédita do setor, em torno desta idéia de propor uma importante mudança cultural: a de que é preciso pensar e agir junto, além de iniciar um pleno diálogo com nossa identidade cultural.

Qual a força da cultura baiana relacionada à moda hoje quando se fala tanto em brasilidade?
LC: Na Bahia não temos como não conviver com a ancestralidade cotidianamente. As raízes afrobrasileiras e indígenas estão mais presentes no dia a dia e, portanto, no imaginário de todos. Isso é bem forte. Aqui em Salvador existem mais de mil terreiros de candomblé, um mais antigo e guardião de segredos que o outro , 500 mil turistas em fevereiro, tesouros de toda a Europa antiga submersos no mar de nossa orla, mosaicos contemporâneos do incrível Bel Borba espalhados em forma de arte urbana, quase graffitis, e outros mestres sempre tão presentes. Isso constitue um patrimônio e tanto, a cultura da mistura reina aqui. Tudo isso se manifesta também na moda, pois a moda é um instrumento de percepção cultural.

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