Austrália: uma voz da economia circular na moda

A crise da moda descartável atinge o mundo inteiro, nos alerta para um possível –  e real – colapso na indústria de moda e exige uma decisão urgente, não temos mais opção nem podemos postergar, tanto como indústria como consumidores.

Na última quinta-feira (22 de março de 2018) no centro de Sydney, os líderes da indústria de moda e têxtil da Austrália se reuniram para a Australian Circular Fashion Conference – a primeira do gênero no país. A ação vem para combater a crise da moda descartável que está afetando toda a indústria de moda australiana, e fomentar o momento de moda sustentável que o país vive, devido ao surgimento de marcas, varejistas e plataformas de mídia que estão despertando para as oportunidades dentro do setor.  

A fundadora da conferência, Camille Reed, quer transformar o movimento em algo concreto na indústria do país. “A economia circular será óbvia nos próximos cinco a dez anos, mas se eu tentasse fazer algo assim dois anos atrás, não teria funcionado porque ninguém estava aberto a isso. Agora, a Austrália está em uma posição fantástica e é apenas uma questão de tempo antes de podermos gritar sobre isso ”.

Falando em cases, algumas das maiores marcas e varejistas de moda do país são os principais alvos da conferência, como as gigantes Target, Kmart, Country Road, General Pants e Forever New. Na visão de Camille, dialogar com essas empresas é fundamental para expandir a conversa sobre o tema, além de ser o ponto de partida para incentivar a colaboração entre a indústria e os novos processos.

No campo de business, as empresas tendem apenas a ganhar, apesar da necessidade de uma reformulação por meio do gerenciamento ágil da cadeia de suprimentos, as marcas podem aumentar o crescimento lucrativo em 20% ao ano juntamente com a tecnologia renovável – como comprovado pelo Programa Clean By Design do NRDC.

O número de empresas de moda australianas que investem pesadamente na produção de roupas totalmente circulares ou sustentáveis, ainda é pequeno, mas devido a enorme necessidade ambiental e social latente no país isso deve mudar em breve. Quando se tem consciência da necessidade implementação de uma  administração ambiental e melhores práticas de fabricação, é possível projetar um crescimento muito positivo na receita dos varejistas dentro dos próximos 3 a 5 anos.

Diferente do mercado europeu e americano, as marcas de moda australianas estão dispostas a adotar práticas sustentáveis já que tem uma mentalidade diferente, autonomia em relação ao mercado fashion – sem tradições demarcadas – e também por terem líderes que apostam na dinâmica e inovação do setor, o conjunto desses fatores prepara um espaço fértil para o desenvolvimento de projetos voltados para a economia circular.

A conferência é apenas o começo de um movimento promissor no país, e deve servir de exemplo. Obviamente o caminho a ser percorrido é longo e exige muito diálogo, ações educacionais, preventivas para com a indústria. A fundadora não tem a ilusão de realizar um greenwash e tomar uma posição que ainda não se sustenta, mas sim definir a sustentabilidade como algo possível e não mais como uma palavra usada para amenizar grandes problemas na indústria de moda do país.

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