As pessoas, de um modo geral, estão em busca de um novo significado para a vida, e é impressionante como a as coisas mudam quando passamos a enxergar nosso dia de uma forma mais leve. Saindo dos antigos padrões, elas estão se permitindo mais, estão em busca de preencher a alma com o que lhes faz sentido, e com o que realmente alegram sua essência.
Em recente apresentação no New York Fashion Week Autumn / Winter 2018 da marca The Row, Mary-Kate e Ashley Olsen distribuíram gifts aos convidados, contendo cristais de cura individuais (especificamente, turmalina negra para manter as energias negativas à distância e quartzo branco claro para promover harmonia e equilibrar). Há alguns anos atrás, tais sacolas poderiam ter levantado as sobrancelhas de muitos, mas os participantes desta temporada adoraram, como eles disseram, os cristais trouxeram boas vibrações . Já é comum no meio das celebridades a utilização das pedras como amuletos, nomes como Miranda Kerr, Kim Kardashian, Katy Perry, Adele já carregam cristais e definitivamente não vivem sem suas pedras.
No que diz respeito às tendências, os cristais estão crescendo, e muito, eles tem se tornado ícones identificadores do novo movimento da mente-corpo-alma New Age-y. Utlizados desde os assoalhos revestidos de cristal em estúdios como o Guru do fitness Taryn Toomey em New York, até as compras de impulsos pelas pequenas pedras que servem para serem utilizadas como amuletos, por varejistas – os cristais são o novo item “It”. E apesar de toda a atenção, houve pouca exploração de sua proveniência e coleta.
Conhecer a linhagem de um cristal é um pouco semelhante a saber de onde vem os alimentos que você consome. Nos últimos anos, vimos um crescente interesse pelos cristais dos consumidores de todos os setores: moda, decoração, bem-estar. Existem cristais em todos os continentes do planeta – incluindo a Antártica – muitas vezes em áreas concentradas. Mount Ida, Arkansas, comumente denominado “Quartz Capital of the World”, produz alguns dos quartzo claro de alta qualidade em todo o mundo, enquanto o Brasil e Madagascar também são fontes bem conhecidas. Obsidiana, por outro lado, pode ser encontrada em regiões que experimentaram erupções vulcânicas, países tão variados como Argentina, Grécia, Islândia, Japão e Nova Zelândia.
Falando cientificamente, um cristal é uma formação geométrica tridimensional de moléculas, cuja simetria bem ordenada forma uma rede; Eles variam de flocos de neve, de sal a pedaços de pirita. Os cristais de tendência, aqueles que as pessoas procuram para poderes sobrenaturais, são muitas vezes pedras semi-preciosas (de ametista a zircão), que em estados claros, cortados e facetados, terminados podem ser considerados gemas. Os cristais artificiais, também conhecidos como “cristais cultivados em laboratório”, também existem, uma vez que atualmente constituem uma pequena porcentagem do mercado global. Além disso, nos EUA, a Comissão Federal de Comércio exige que qualquer material de gema produzido em um laboratório para uso comercial seja descrito de uma maneira que divulgue esse fato. Compradores comprometidos passam a maior parte do ano viajando para verificar pessoalmente e comprar peças de fontes seguras, para garantir a qualidade do produtos, pois além de bonitos eles servem para um propósito.
Mas nem tudo são boas energias nesse tipo de negócio, onde muitas vezes o foco pode ser na rastreabilidade de custos versus cadeia de suprimentos. Como diamantes e outras pedras preciosas, a mineração de cristal ocorre em todo o mundo e está atolada em sua própria parcela de conflitos. O trabalho subalterno, os baixos salários, as condições de segurança e de segurança inseguras para os trabalhadores, bem como questões ambientais e de sustentabilidade (as minas por natureza são insustentáveis e os cristais são recursos não renováveis), são preocupações principais. No entanto, atualmente não há um órgão do governo – à nível mundial – que exija responsabilidade ou regulamentação da indústria, uma mancha irônica em uma indústria supostamente enraizada em vibrações sensíveis.
A falta de transparência e informação desde o início dificulta os consumidores menos informados, no entanto, as grandes empresas entendem que sua responsabilidade social corporativa e sua impressão com o público é importante, então eles estão trabalhando juntos para formalizar direitos de terra e mineração para proprietários e trabalhadores, resultando na formação de cooperativas, navegação mais fácil através de processos burocráticos, treinamento em corte de pedra, rastreabilidade de pedras e a introdução de iniciativas de sustentabilidade. Investir na produção de alimentos e viveiros de árvores, por exemplo, traz outra fonte de renda para a área, pois assim , quando as pedras se esgotam, ainda há uma atividade que alimenta as pessoas.
O importante é que os processos para regulamentos padronizados e autenticação documentada estão em andamento. As investigações dos consumidores mais conscientes, ajudam a causar um impacto significativo para o “esclarecimento” a longo prazo no mercado. Dessa forma as pessoas passam a consumir os cristas da forma correta, com o verdadeiro significado, através de uma cadeia limpa, que beneficia todos os envolvidos no processo.
