Minas Trend Preview: Dia 02

28.10.2011

O segundo dia de desfiles da semana de moda mineira é, sem dúvidas, o mais agitado. Logo pela manhã, conferimos o talento de Patrícia Motta no trabalho com o couro. A coleção “Vitória” faz homenagem às grandes rainhas do passado, mas a silhueta alongada e a cintura mais alta remetem também ao estilo gótico.  A nobreza se faz presente na cartela de cores, onde o dourado é contrastado com tons em marrom, bordô, turquesa e, é claro, o preto.

 

Se com Patrícia admiramos a manipulação do couro, Gina Guerra nos encantou com seu trabalho em tricô. Desfilando pela segunda vez no evento com a marca GIG, a estilista apresentou looks bastante femininos, como saias midi e vestidos de cintura marcada em florais, folhagens e animal prints. As poucas opções de calças representaram um inverno mais ameno, para as adeptas à meia-calça.

 

Na sequência, a Vivaz trouxe uma coleção repleta de aplicações em transparência – tendência que abordamos inclusive em nosso Bureau. Os glamorosos longos contrastaram com camisas delicadas, laços e saias lápis. A sofisticação do preto, cinza e nude ganhou toques pontuais em laranja, trazendo um pouco de vida aos looks mais sóbrios.

 

 

À tarde, a mineira Chicletes com Guaraná contou a história de Cleópatra em suas peças. A história do Antigo Egito foi estudada a fundo e traduzida em peças bastante fluidas, plissadas, com aplicações de paetês e franjas. A estamparia, em especial, narrou a trajetória da rainha em três momentos distintos: primeiro, como a personagem da musa Elizabeth Taylor, através de estampas multiplicadas de seu rosto em diferentes cenas do filme; segundo, representando as cartas de amor enviadas a Marco Antônio; e, por fim, em geométricos, que fazem alusão as suas  joias. A cartela de cores demonstrou nuanças como o tom do Saara (camelo) e o azul do Nilo.

 

 

Aurea Prates retornou as transparências à passarela, com uma coleção também inspirada em uma figura marcante: Rita Hayworth. A cintura alta e a camisaria aparecem com força, entre os delicados brocados, rendas e babados. Preto, branco e bege compõem a cartela de cores, garantindo a elegância.

 

 

Em seguida, o estreante Vitor Zerbinato mostrou seu talento em modelagem e acabamento. O inverno do designer traz de tudo um pouco: estruturadas arquitetônicas, experimentações com diferentes tecidos e texturas, mix de estampas, paetês escamados e formas geométricas. Tudo executado com perfeição. E as transparências novamente aparecem nas passarelas mineiras.

 

 

Único desfile de acessórios do dia, a Camaleoa exibiu seu trabalho único de bijoux, em que o couro é usado como principal matéria-prima, dando suporte à arquitetura de todas as peças da coleção. O inverno da marca de Erika Maren traz formas geométricas, vazados retos e em estampas tribais, muitas tachas e pinos em dourado e prateado. Destacamos as tornozeleiras destalhadas e os robustos braceletes.

 

A modelagem solta e fluida dominou os desfiles da noite. Macacões, calças mais largas, saias longas e vestidos midi foram as apostas da paulistana Uma para um inverno confortável, sem perder a sofisticação. Combinados com ankle boots, as peças destaque certamente foram os blazers militares, muito bem estruturados.

 

E, para fechar a noite, a Alessa nos levou à Itália, uma homenagem ao pai da estilista, que nasceu em Roma. A estamparia digital ilustrou as imagens típicas do país nas peças, como a Torre de Pisa, Pinocchio, a Vespa e até mesmo cartões postais. Cetim, seda, fluit, malhas, mousselini e lurex foram os materiais escolhidos para garantir a leveza das roupas.

 

 

Camila Beaumord

Imagens: Fotosite

 

Minas Trend Preview: Dia 01

27.10.2011

Túnel do tempo. Essa talvez seja a definição mais adequada do primeiro dia de desfiles do Minas Trend Preview, que nos trouxe referências das décadas passadas e de um futuro próximo. Começando pela Maria Garcia, segunda marca da estilista Clô Orozco, transitamos pelos anos 1940, ‘60 e ‘70 com uma coleção leve, colorida e feminina. A alfaiataria marcante da época de guerra combinou com os casacos estruturados da década de ’60 que, por sua vez, contrastaram maravilhosamente com os florais exuberantes do Flower Power. Delicados tons de rosa, bege e azul encontraram seu lugar na passarela junto ao preto, grafite e azul marinho.

 

 

Na sequência, a Apartamento 03 apresentou um conceito mais contemporâneo: o cocooning, termo elaborado pela consultora de marketing Faith Popcorn para explicar o recolhimento das pessoas a casa devido às novas tendências tecnológicas e ilustrado pela artista plástica Tara Donovan. Dessa maneira, a mescla e o trabalho nos tecidos da marca têm o objetivo de trazer ao público uma sensação de casulo. Silhuetas estreitas contrapõem as formas amplas, uma brincadeira com opostos que aparece durante todo o desfile. Um casaco com aparência fofa, por exemplo, é na verdade recoberto de alfinetes.

 

A estreia da primeira noite é a linha mais jovem da mineira Essencial, que trabalhou com um tema futurista: os nômades urbanos. Peças minimalistas e uma cartela de cores clean, composta apenas pelo branco, azul e preto, compõem o inverno 2012 da E. Store. Os geométricos e a alfaiataria desconstruída garante o charme da coleção.

E, para fechar a noite, fomos trazidos de volta aos anos 1970 mas, dessa vez, exploramos o glamour da década com a Última Hora. O mix de texturas entre bordados, estampas e tecidos nobres combina com elegância, principalmente devido ao styling das modelos. Vimos silhuetas refinadas, tubos reinventados, saias longas em contraste com as minissaias. A cartela de cores só agrega à riqueza da coleção, com tons em cinza, marrom e laranja, remetendo à prata e ao ouro. Um ótimo fechamento para a primeira noite da semana mineira.

Camila Beaumord

Imagens: Fotosite

 

 

 

 

Minas Trend Preview: Acessórios

27.10.2011

Os desfiles das marcas participantes do Minas Trend Preview começaram ontem e, logo no primeiro dia, conferimos as propostas de duas grifes de acessórios que vêm ganhando força a cada temporada. A apresentação que abriu a série do dia foi a da Mary Design, que emocionou os espectadores com um show à capella de Lucinha Bosco cantando o hino nacional. Em vez do desfile tradicional, a diretora de estilo Mary Figueredo optou por mostrar as peças como em uma instalação de museu, onde os visitantes percorriam um caminho e observavam as modelos.

 

A coleção “Por um fio” traduz a essência da criadora, com muito trabalho manual (aliás, todo o conceito da apresentação é “anti-fast fashion”) e colares feitos com radiografias da própria família da designer. Tonalidades puxadas para o roxo se misturam com o laranja, vermelho, verde e o dourado para compor a cartela de cores de inverno 2012, que traz detalhes em flores e discos de tecidos.


Já Claudia Arbex trouxe várias inspirações para a passarela, transitando pelo rock, por referências medievais e até pelas criações da Chanel. Da idade média, vimos espinhos, flechas e escudos; de Chanel, Claudia mostrou estolas metálicas trabalhadas com pérolas e uma reprodução das famosas luvas sem dedo de Karl Lagerfeld. Os maxicolares estavam presentes mais uma vez na coleção da estilista, tornando-se quase uma marca registrada.

 

 

Fechando o primeiro bloco de desfiles, Rogério Lima trabalhou com cores um tanto sóbrias e sofisticadas, como o roxo, dourado, caramelo, marrom, verde e azul escuro. A píton, forte tendência, aparecem em diferentes tonalidades em pastas masculinas e clutches. Mas o destaque vai para os modelos estruturadas em formas inusitadas.

 

 

Camila Beaumord

Imagens: Fotosite

 

Calçados no Minas Trend Preview

26.10.2011

O espaço de negócios do Minas Trend Preview começa hoje, mas já estamos ansiosos com os lançamentos de um segmento em especial: o de calçados. Antes mesmo de aterrizarmos em BH, recebemos uma prévia das coleções de algumas marcas e ficamos animadas com as tendências seguidas para o Inverno 2012.

 

A paulista Orcade, por exemplo, focou no estilo “ladylike” ao fazer uma releitura das peças marcantes das décadas de 20 a 80. Podemos aguardar modelos como os colleges, mocassim e slippers. As botas e ankle boots vêm com salto em cunho e solados em crepe. Detalhes em franjas, pêlos e vegetais representam o folk, também presente na coleção.

Coleção Orcade

 

Destacamos a diversidade de materiais suntuosos utilizados pela marca como as peles (onças, tigres, zebras e leopardos) e os pítons com sete variações de cores e metalizados. A novidade fica por conta dos couros “maqueato”, que têm como característica o efeito envelhecido e desgastado, e o “caprone oil”, um couro nobucado com estampa de ovelha e macio. Para complementar: couro vegetal, verniz, camurça, lã, gilter, specchio e estampas em poá.

 

Seguindo o tema “cidades brasileiras” adotado para o verão, a Cristófoli escolheu São Paulo para idealizar sua mais recente coleção. A marca buscou inspiração no estilo de vida das mulheres que vivem em grandes centros urbanos e nas tendências de moda do Hemisfério Norte. O ritmo acelerado da maior capital brasileira foi traduzido em modelos com saltos de todos os tipos, incluindo botas de cano curto, sandálias abotinadas, scarpins, cuissardes, sandálias, oxfords, coturnos e sapatilhas.

Coleção Cristófoli

 

A carela de cores traz tons mais sóbrios como o preto, marrons, terrosos, nude, azul, bege e ocre em harmonia com o verde, laranja e vermelho. Entre os materiais utilizados pela marca estão o couro (acabamento natural ou desgastado), o píton, pêlos, tecidos, linho e lã. Destaque para as estampas de veludo cotelê e xadrez, que complementam a coleção.

 

Já a Miezko combina um pouco dos temas apresentados pelas outras duas marcas, ao trazer uma mistura de estilos que abrange a mulher contemporânea e o vintage. Mas a marca ainda aproveitou a tendência da androginia e apresentou uma intersecção entre masculino e feminino.

Coleção Miezko

 

A variedade de materiais reflete a diversidade dos estilos trabalhos. Além do couro, podemos esperar peças em gorgorão, nappa, pêlo com efeitos e estampas. O píton ganhou um leve tom dourado, proporcionando brilho e requinte às peças.

 

 

Camila Beaumord

Imagens: Assessorias

 

Abertura Minas Trend Preview

26.10.2011

A abertura do Minas Trend Preview, que aconteceu na noite de ontem (25/10), já tem por tradição a direção criativa de Ronaldo Fraga e desfile coletivo assinado pelo stylist Daniel Ueda. A noite deu espaço ao tema “Inspiração”, que permeia o clima  dessa edição. O tema somado à paixão do estilista pela literatura resultou em uma instalação cenográfica na entrada do local, que remetia aos livros e ao poder da literatura como ferramenta de inspiração. Projetores deram vida a livros gigantes com páginas sendo folheadas (mais Ronaldo Fraga, impossível). Vimos Minas Gerais como ela é: uma união descontraída e simpática da  moda local, onde o sotaque permanece, mas a essência criativa mineira aos poucos vai saindo e dando lugar à informação globalizada.

 

Os traços regionais de criação já não estão mais presentes nas coleções, infelizmente. Mesmo contando com a experiência de Daniel Ueda na edição da informação de passarela, fica difícil encontrar aquela Minas que era reconhecida por seus elementos marcantes. O desfile coletivo mostrou um preview do inverno brasileiro repleto do paetês, plumas e pegada étnica. Em edições anteriores, o desfile de abertura já causou mais emoção, encantava nos momentos em que os desfiles tinham o styling mais carregado e levavam a assinatura de Ronaldo através da sua entrada  no final do desfile. Agora, a ausência de alguém após a fila final deixa um espaço em aberto e o público fica sem saber se terminou ou não.

 

Mas o evento em si é muito bem sucedido. Supre seu papel no calendário de ser o preview da temporada. O público é uma mistura de formadores de opinião de todo o Brasil, sociedade mineira e autoridades locais. Minas consegue fazer um evento com caracter regional, mas sem ser piegas.  Propõe, cumpre e finaliza com personalidade seu objetivo.

 

Temos que ressaltar que o estado possui um grande diferencial, um filho chamado Ronaldo Fraga, o grande porta voz da moda mineira. Se todo estado brasileiro tivesse um criador como ele, que conhecesse suas raízes e soubesse como traduzi-las, nossa moda estaria muito mais evoluída e seria bem mais autêntica. Sem essa sobrecarga de informação importada das passarelas internacionais, que nos deixa com vontade de ver na passarela nossa própria identidade brasileira.

 

Patricia Lima (editora-chefe na cobertura oficial do evento)

Imagens: Agência Fotosite

 

Vestido: Faven, Acessórios: Camaleoa, Sandália: Junia Gomes

Blusa: Printing, Saia: Patricia Motta, Scarpin: Débora Germani, Bolsa: Celso Afonso

Vestido: Printing, Colete: Patogê, Casaco: Última Hora, Brincos e colar com pérolas: Mary Design, Gargantilha: Claudia Marisguia, Sapato: Paula Bahia

Vestido: Coven, Braceletes: Camaleoa, Gargantilha: Claudia Marisguia, Sandália: Junia Gomes, Bolsas: Rogério Lima

Vestido: Mabel Magalhães, Bolsa: Rogério Lima, Sandália: Luiza Barcelos

Blazer: Apartamento 03, Sapato: Paula Bahia

Vestido: Vivaz, Pulseiras: Mary Design, Sapato: Claudia Mourão

Blusa e saia: Patachou, Vestido: Mabel Magalhães, Pulseiras: Claudia Marisguia, Sapato: Paula Bahia

Blusa: Renata Campos, Saia: Graça Ottoni, Cinto: Chicletes com Guaraná, Scarpin: Débora Germani

Casaqueto: Cosh, Blusa: Graça Ottoni, Calça: Apartamento 03, Sapato: Claudia Mourão, Gargantilha: Claudia Marisguia, Cinto: Chicletes com Guaraná

Vestido e cinto: Chicletes com Guaraná, Blazer: Última Hora, Bota: Luiza Barcelos, Bolsa: Rogério Lima

 

Casaco: Apartamento 03, Vestido: Barbara Bella, Pulseiras: Claudia Marisguia, Chapéu: Mary Design, Bolsa: Rogério Lima, Scarpin: Débora Germani

Vestido: Áurea Prates, Colar e Chapéu: Mary Design, Bota: Débora Germani

Casaco: Mabel Magalhães, Vestido: GIG, Colar: Claudia Marisguia, Bota: Luiza Barcelos

Vestido: Di Bella, Sandália: Luiza Barcelos

Vestido: Victor Dzenk, Sapato: Luiza Barcelos

 

 

O café camaleão da madrugada

26.10.2011

Já imaginou um espaço onde você encontra os lançamentos das maiores grifes mundiais, uma pista de dança, uma livraria + loja de discos e um estúdio fotográfico? Apresentamos a Late Night Chameleon Café, uma boutique conceitual que une tudo isso em três salões distintos, conectados por um corredor futurístico de madeira e acrílico laranja. O projeto, assinado pelo cenógrafo Gary Card, visa revolucionar o varejo londrino com uma plataforma online e uma loja de mais de 500 metros quadrados no leste da cidade.

Dries Van Noten, Rick Owens e Yohji Yamamoto dividem a área comercial com as últimas coleções da Balenciaga, Jil Sander e marcas underground japonesas, como a Wacko Maria e a SASQUATCH. Novos talentos também têm lugar garantido nas araras da LN-CC, como J.W. Anderson e Tze Goh. “Realizamos a curadoria das nossas peças de maneira bastante específica, juntando marcas que acreditamos serem as melhores do grupo [das grifes com que trabalhamos]. O resultado é uma seleção de itens que influenciam o streetwear, formada pelos mais procurados produtos do mundo,” contam os fundadores John Skelton e Daniel Mitchell.

book store

club

 

Mais do que uma loja, o LN-CC é uma plataforma de ideias em evolução, formada por moda, música e arte. Por isso, a oferta de livros e discos é tão bem pensada quanto as roupas, já que as categorias são parte do conceito do projeto e não apenas complementam o espaço destinado à venda de moda. Todo o sistema de som da área Club foi montado pelo veterano da indústria musical Mickey Boyle, que atua como DJ residente do local nas horas vagas. Ainda é raro encontrarmos espaços comerciais que conseguem traduzir o espírito da loja de forma tão completa, indo além dos móveis decorativos e da escolha da playlist que será tocada durante o dia. Então, se você estiver passeando em Londres, não se esqueça de dar uma passadinha na 18 Shacklewell Lane, em Dalston. Mas antes, confirme sua presença pelo e-mail [email protected].

 

Camila Beaumord

 

Marcas de todo o Brasil confirmam presença no Sul Fashion Week

21.10.2011

 

Um grande trade show não poderia acontecer sem a participação de grandes marcas. Por isso, a organização do Sul Fashion Week + Denim Prêt-à-Porter (ou seja, nós! (: ) tem o prazer de anunciar as primeiras marcas que confirmaram presença na segunda edição do evento, que acontecerá entre os dias 25 e 28 de janeiro de 2012, em Florianópolis.

 

Essa é o maior semana de moda e negócios do sul do país, com curadoria de marcas Premium de todo o Brasil. A paulista Uma, por exemplo, é um dos nomes confirmados para lançar sua coleção de inverno 2012 no evento, repetindo a parceria que acontece desde a edição de junho deste ano. Enquanto o showroom do Sul Fashion Week reúne marcas como essa, que trabalham com moda feminina, masculina, alfaiataria ou acessórios, o salão do Denim Pret-à-Porter é focado no segmento de jeanswear e sportswear, e é o primeiro showroom do país a atender esse setor com exclusividade. A Iódice Denim é outra marca que voltará a expor no evento após o sucesso da primeira edição.

 

A força da semana na região sul também  é um grande atrativo para as marcas locais. As catarinenses Sly, de Brusque, e Carmuranah, de Itajaí, marcarão presença no salão de negócios do Sul Fashion Week, enquanto a blumenauense Zezzo + lançará seus produtos durante o Denim Prêt-à-Porter. Do Rio Grande do Sul, teremos a participação da feminina Anna Karenina que virá pela primeira vez ao evento.

 

Além da área de negócios, a semana do sul engloba uma diversa programação paralela, que inclui desfiles, palestras, workshops, sessões de filmes de moda e mesas redondas. Marcas com interesse em participar do evento deverão entrar em contato por meio do endereço eletrônico [email protected]. Para mais informações, acesse: http://sulfashionweek.com.br.

 

Camila Beaumord

 

Preciosidades mineiras

17.10.2011

O verão nem chegou e a Arte Sacra já está pensando no inverno 2012. A marca mineira, especializada em moda festa, irá apresentar suas propostas na 9ª edição do Minas Trend Preview, que acontece nos dias 25 a 28 de outubro. “Preciosidades mineiras” é o tema trabalhado pela grife no desenvolvimento dos vestidos, inspirados na beleza da textura das rochas e no brilho dos metais preciosos. Além disso, formas geométricas, que conferem ainda mais exclusividade para os cristais lapidados, instigaram a criação de estampas exclusivas.

Confira aqui os croquis da coleção de inverno da Arte Sacra. A equipe da Catarina também estará presente no Minas Trend Preview e oferecerá a cobertura do evento aqui no site. Não perca!

 

Camila Beaumord

 

Influência dinamarquesa com tempero brasileiro

11.10.2011

Quando falamos em inovação na moda brasileira, não se pode deixar Julia Valle de fora. A mineira participa do Rio Moda Hype desde 2009 com coleções bastante autorais e já colaborou com grandes marcas como a Redley, Second Floor e Printing. Seu estilo único e inusitado processo de criação fazem de Julia uma grande promessa no mercado do Brasil. Conversamos com a artista para entender um pouco mais sobre os bastidores de suas coleções, planos para o futuro da marca e sua visão sobre a moda nacional. Tudo isso você confere nesta entrevista exclusiva à Catarina.

 

Catarina: Você se formou em comunicação social, mas acabou migrando para a moda. Como foi essa transição? Por que seguiu o caminho de estilista?

Julia Valle: Mesmo na faculdade, já tinha interesse grande pela moda e acabei indo trabalhar na Alphorria, uma marca de moda de Belo Horizonte. A experiência foi muito valiosa e acabei conhecendo pessoas que admiro muito e me ajudaram a convencer de que o meio poderia ser um bom espaço de trabalho. Assim que me formei, fui como estudante visitante para a Designskolen Kolding, para estudar moda mesmo. E desde então comecei a trabalhar muito mais focada em estilo.

 

Catarina: Quais são os maiores desafios de lançar uma marca no mercado brasileiro?

Julia Valle: É bem difícil. O mercado é conservador, saturado, elitista, pouco profissional, muito fundado em valores que são estranhos para mim. Não existem incentivos fiscais por parte do governo, nem disposição de aquisição por parte dos clientes. Um nome pequeno por aqui significa, muitas vezes, falta de qualidade, seja em produto, estilo, divulgação, etc. A ideia de exclusividade e unicidade não é algo que desperta interesse. Portanto, para começar é preciso já ter um aval de formadores de opinião, uma capacidade produtiva grande…

 

Catarina: Você estudou moda na Dinamarca. Quais as diferenças entre a moda dos países escandinavos e a brasileira? E de mercado? Como é a recepção do público dinamarquês aos trabalhos de novos talentos?

Julia Valle: Muito passa pelo que disse anteriormente. Enquanto aqui a moda tenta igualar os clientes, fortalecer a associação de valor a nomes grande, construir uma imagem única e muito flutuante de acordo com as tendências, senti na moda dinamarquesa uma preocupação muito avessa a isso. Valoriza-se os novos criadores, novas formas de se relacionar com o corpo, a identidade pessoal. Foi um período de muito aprendizado pra mim, que na verdade tinha um olhar muito mais brasileiro do que eu mesmo imaginava.

 

Catarina: Suas coleções são singulares! Como é o seu processo criativo?

Julia Valle: É bastante livre e com poucas expectativas sobre os resultados finais. Gosto de partir de objetos bem distintos à moda, e que não fornecem uma imagem em primeira instância. Dessa forma, os resultados têm uma relação mais flexível com o objeto inicial. Trabalho muito mais a modelagem que os croquis. Gosto dos processos, da costura, de sentir os pesos de cada matéria.

 

Catarina: Como você se atualiza sobre o mercado? Você faz que tipo de pesquisas? Continua viajando?

Julia Valle: Estando dentro do universo da moda, a gente já sente muito no dia a dia. O que o olhar das pessoas em nosso redor busca,  as mudanças gradativas nos shapes, e até no lifestyle de uma forma bem ampla, que direciona bem esses desejos de tendência. Da comida que é mais pedida no restaurante ao perfume que as pessoas usam, seja no Brasil ou no exterior. Mas isso é uma percepção que para mim vale muito mais para os trabalhos comerciais.

Continuo viajando, viajo sempre que posso, seja a trabalho ou não. Sinto uma necessidade constante de um tipo de desconforto, seja na língua, no clima, na gastronomia, na estética como um todo. As viagens são capazes de proporcionar isso. E ajudam a refrescar os sentidos, nos tornam mais flexíveis.

 

Catarina: Tem algum núcleo de moda, design, criatividade ou até outra marca que você se espelha, admira?

Julia Valle: Admiro muito o trabalho das grandes maisons japonesas (talvez por não conhecer muito das menores), Yohji Yammoto, Comme des Garcons, Junya Watanabe, Rei Kawakubo. Também me toca muito o trabalho da M Martin Margiela e Bless.

 

Catarina: Você tem planos de expansão? Que outras praças pretende atingir?

Julia Valle: Penso em expansão mais de áreas que de praças. A ideia não é aumentar a produção, que é super pequena.

 

Catarina: O que está no planejamento futuro da marca Julia Valle? E da estilista?

Julia Valle: Os projetos agora terão durações mais flexíveis, especialmente por não estar mais desfilando. O que é muito legal; consigo dedicar tempos diferentes a projetos que demandam isso. E as coleções poderão ser menores. Como estilista continuo dividindo o tempo entre trabalho comercial (agora na equipe da MaraMac) e os projetos autorais. E gostaria de conseguir dedicar um tempo também a pesquisa acadêmica.

 

Catarina: Para finalizar, que conselho você pode dar a estilistas que estão lançando marca agora, ou até estudantes de moda que sonham com uma carreira promissora?

Julia Valle: É uma área que demanda MUITO trabalho, muito mais dedicação do que imaginamos ao ver de fora. Temos que nos tornar profissionais sólidos e com conhecimento abrangente para conseguir uma boa entrada no mercado.  E acho que vale lembrar também que o mundo além do estilo é enorme e cheio de profissões super interessantes, que no entanto recebem menos atenção.

 

Camila Beaumord

 

Espetáculo em estamparia

6.10.2011

Todas as tendências das semanas de moda internacionais você pode conferir em nosso Bureau de Tendências, mas algo que nos chamou muito a atenção nesta temporada foram as estampas apresentadas nas passarelas ao redor do mundo. Com a evolução da estamparia digital, muitos estilistas se aventuram e criam padrões únicos, ousados e, em sua maior parte, com cores vivas e alegres. Então, selecionamos os melhores momentos de Nova York, Londres, Milão e Paris para vocês também se encantarem!

Adam, em Nova York

Cynthia Rowley, em Nova York

Nicole Miller, em Nova York

Prabal Gurung, em Nova York

Mary Katrantzou, em Londres

Ashish, em Londres

Basso & Brooke, em Londres

Issa London, em Londres

PPQ, em Londres

Antonio Marras, em Milão

Emilio Pucci, em Milão

Roberto Cavalli, em Milão

Salvatore Ferragamo

Dries Van Noten, em Paris

Sonia Rykiel, em Paris

Emanuel Ungaro, em Paris

 

Camila Beaumord

 

Moda masculina em destaque

4.10.2011

Akihito Hira é um dos principais nomes da moda masculina brasileira atual. Natural de Osvaldo Cruz, em São Paulo, mudou-se para Brasília no começo da década passada com um diploma em Ciências da Computação e uma carreira como analista de sistemas pela frente. Foi apenas em 2007 que o jovem Hira decidiu correr atrás de seu sonho e se matriculou no curso de moda. De lá para cá, virou pupilo de Jum Nakao, mostrou coleções na Capital Fashion Week (em Brasília), lançou uma grife em seu nome, participou do Rio Moda Hype e foi convidado a desfilar no Colombiamoda, evento referência na América Latina. Conheça esse prestigiado designer nesta entrevista exclusiva à Catarina!

Catarina: Você iniciou sua trajetória profissional como analista de sistemas. Quando você se interessou por moda? Por que quis mudar de profissão?
Akihito: Bisneto de alfaiate e neto de costureiras, cresci tendo como companhia o bom gosto pela moda. Tendo como referência meu pai, que nunca dispensou uma boa alfaiataria, desenvolvi a admiração pelo guarda-roupa masculino. A marca Akihito Hira foi criada no ano de 2008, junto com Julio Andrade.

 

Catarina: Como você define a moda masculina no Brasil? Qual o seu diferencial, como estilista? Como a sua marca acrescenta ao mercado?

Akihito: Produzir moda masculina no Brasil é ainda um grande desafio e é preciso estar atento ao desejo de consumo e ao clima brasileiro. O comportamento de consumo masculino ainda é muito restrito no quesito inovação. A marca Akihito Hira estabelece novos diálogos sobre o corpo vestido masculino em uma busca incessante na quebra de paradigmas, por meio da desconstrução de clássicos da alfaiataria, resultando em peças de vanguarda, sem deixar de lado a qualidade e o zelo nos detalhes e acabamentos.

 

Catarina: Sua marca recentemente desfilou no Colombiamoda. Como foi essa experiência?

Akihito: A apresentação da coleção de verão 2012 partiu de um convite da ABEST, com o patrocínio da empresa aérea Copa Airlines, SENAI de Brasília e a empresa de calçados CNS. Para uma jovem marca, a experiência de apresentar uma coleção em outro país, bem como a realização de um planejamento e execução de um projeto em nível internacional agregaram em conhecimento e maturidade. Estabelecer contato com outras culturas e novos mercados amplia a visibilidade e a possibilidade de expansão e crescimento da marca.

Desfile Akihito Hira no Colombiamoda.

Catarina: Você já exporta seus produtos para outros países? Quais? Se não, para quais pretende exportar no futuro?
Akihito: Desde o primeiro desfile apresentado pela marca, recebemos propostas de diversos compradores internacionais. Com a nova estrutura da empresa e o aumento de produção, pretendemos retomar alguns contatos com países como Canadá, Venezuela, Colômbia, Espanha e Portugal.

 

Catarina: Como você percebe a moda masculina em outros países? Quais as diferenças entre esses e o mercado brasileiro?

Akihito: Percebo um diálogo mais aberto e liberto de convenções sociais. Há uma espontaneidade descompromissada, repleta de elegância, vista principalmente em países europeus e do oriente. O comportamento de consumo masculino brasileiro tem mostrado transformações, mas ainda exala a cultura machista e intolerante na sua maioria.

 

Catarina: Quais são os seus designers preferidos?

Akihito: Miharayasuhiro, Yohji Yamamoto, Alexander Mcqueen e Ronaldo Fraga.

Desfile Akihito Hira no Rio Moda Hype, Verão 2012.

Catarina: O que inspira você? Quais são suas principais referências na hora de criar uma coleção?
Akihito: Principalmente a cultura e biodiversidade poética brasileira.

 

Catarina: Você já pode revelar o que pretende apresentar na próxima estação? 

Akihito: Daremos continuidade à identidade da marca que é a desconstrução da alfaiataria clássica.

 

Catarina: Por fim, o que está nos planos futuros de Akihito Hira?

Akihito: Expansão da marca em nível nacional e internacional.

 

Camila Beaumord

 

Papel = Arte

3.10.2011

Unidas pela paixão por moda e pela vontade de injetar algo totalmente novo no mercado, as amigas Amy Flurry e Nikki Salk começaram um projeto extraordinário usando um material comum e corriqueiro: papel. Nikki, formada em Artes e Decoração de Interiores pela Illinois Institute of Arts, já experimentava com esculturas elaboradas a partir dessa matéria-prima e chamou a atenção de Amy, stylist e editora de moda há mais de 15 anos. Juntas, as amigas iniciaram o Paper Cut Project, que inclui coleções de perucas, chapéus e acessórios feitas inteiramente de papel. Desde 2010, as peças ilustram vitrines de grandes marcas e, há algumas semanas, apareceram como complemento da coleção da estilista Jen Kao, desfilada na New York Fashion Week. Amy e Nikki conversaram com a equipe da Catarina sobre o processo criativo e a nova fase do Paper Cut Project na entrevista que você acompanha a seguir.

Catarina: O Paper Cut Project é uma colaboração entre você e a Nikki Salk. Como vocês se conheceram? De quem foi a ideia de começar o projeto?
Amy Flurry: A Nikki começou a trabalhar com papel quando cursava Artes e gostou tanto do meio que continuou a brincar com ele mesmo depois de ter concluído seus trabalhos acadêmicos. Algumas de suas obras estavam penduradas nas paredes de sua boutique em Atlanta. Eu, como jornalista de moda veterana, frequentava sua loja e até escrevi sobre Nikki e sua boutique. Depois de um tempo, a gente se deu conta que compartilhávamos o amor pela moda e pela fantasia das histórias contadas em campanhas, produções para a passarela e nos editoriais. Quando a loja fechou em 2009, tivemos a oportunidade de fazer algo juntas. Aí sonhamos com o projeto e acabamos decidindo em usar um material específico como nossa assinatura.

 

Catarina: Como foi a resposta às instalações de papel? Como que o público se familiarizou com o seu trabalho?
Amy Flurry: Nossa primeira instalação aconteceu na Jeffrey Boutique, nas locações tanto de Atlanta quanto de Nova York. Vestimos praticamente todas as manequins nas vitrines e em toda a loja com perucas e chapéus de papel. Foi só a gente colocar as peças nas manequins que os clientes e curiosos começaram a tirar fotos! Isso apareceu em vários blogs e foi como nosso segundo cliente, Hermès, nos encontrou. Então, sim! A notícia se espalhou rapidamente!

 

Catarina: Como é o seu processo criativo? Vocês escolhem o tema juntas e então criam as peças? Como é dividido o fluxo de trabalho?
Amy Flurry: A gente conversa, reflete e pesquisa muito antes de começar qualquer arte, para que o conceito esteja muito claro para a gente. A Nikki foca no design e, ao conversar previamente, ela consegue imaginar a engenharia por trás das peças. Aí desenvolvemos os croquis e começamos a trabalhar. A gente tenta não copiar texturas existentes no papel para ficar livre para experimentar com novas formas. E geralmente trabalhamos em uma peça ao mesmo tempo; a Nikki cria a base enquanto eu recorto os pedaços para as camadas.



Catarina: Vocês já exibiram algumas series dos projetos em vários eventos e displays. Qual foi a mostra preferida de vocês?
Nikki Salk: As peças para a coleção da Jen Kao, que foi apresentada na New York Fashion Week, no Lincoln Center. As texturas trabalhadas e toda a pegada das roupas têm tudo a ver com nosso projeto. Além disso, fazer uma série que é exibida na passarela, como parte do desfile, sempre foi um sonho nosso e a realização dele é indescritível!

 

Catarina: O que inspira vocês hoje? Que referências são usadas para a criação das peças?
Nikki Salk: Depende muito do cliente. Mas quase sempre somos inspiradas por elementos da natureza. Além disso, arquitetura, música e cultura pop no geral são fortes fontes para nós.

 

Catarina: Com essa impulsão no mercado de moda pelo fast fashion e produção em massa, é muito inspirador ver peças únicas, feitas à mão…
Nikki Salk: Ah claro, e é ótimo presenciar algo que nunca existiu antes! Nosso nicho realmente foge dos padrões. A sofisticação discreta do branco do papel, combinada com o intenso trabalho manual para oferecer as camadas e proporcionar sombras traz um brilho único às criações, que acabam fugindo do artesanal tradicional.

 

Mas vocês acham que o projeto é uma forma de protestar esse ritmo frenético que a indústria da moda ganhou?
Amy Flurry: A introdução dos elementos manuais às produções de moda foi simplesmente a maneira que encontramos para mostrar as peças que gostaríamos que fossem exibidas nas passarelas, vitrines e editoriais. Mas você tem razão! Há um grande contraste entre algo que é cortado a laser e as linhas irregulares e orgânicas do corte à mão. Para mim, é esse resultado que torna nosso trabalho tão especial. Não diria que é bem um protesto, mas uma preferência pessoal. Isso é a nossa definição de luxo, então nos sentimos muito bem em introduzir esse tipo de trabalho em um mercado que já está saturado com a mesmice.

 

E o quais são os planos futuros para o Paper Cut Project?
Amy Flurry: Acabamos de apresentar as peças pela primeira vez na passarela, em colaboração com a designer Jen Kao. Exibir as obras durante a semana de Nova York era uma meta nossa, e cá estamos no Lincoln Center! Ainda nesta temporada, a Vogue Itália irá utilizar oito perucas nossas em um editorial de beleza assinado pelo fotógrafo Greg Lotus. Essa coleção foi elaborada para a galeria Jackson Fine Art, em Atlanta, que irá expor as peças e as imagens da produção a partir do dia 3 de novembro. Estamos super animadas, adoraríamos colaborar como designers de acessórios convidadas pelas grifes, como a Laetitia Crahay para a Maison Michel. Já estamos estudando como traduzir os recortes do papel para metais, para começar uma linha de joias!

Fotos de backstage do desfile da Jen Kao, em Nova York.

Camila Beaumord