O segundo dia de desfiles da semana de moda mineira é, sem dúvidas, o mais agitado. Logo pela manhã, conferimos o talento de Patrícia Motta no trabalho com o couro. A coleção “Vitória” faz homenagem às grandes rainhas do passado, mas a silhueta alongada e a cintura mais alta remetem também ao estilo gótico. A nobreza se faz presente na cartela de cores, onde o dourado é contrastado com tons em marrom, bordô, turquesa e, é claro, o preto.
Se com Patrícia admiramos a manipulação do couro, Gina Guerra nos encantou com seu trabalho em tricô. Desfilando pela segunda vez no evento com a marca GIG, a estilista apresentou looks bastante femininos, como saias midi e vestidos de cintura marcada em florais, folhagens e animal prints. As poucas opções de calças representaram um inverno mais ameno, para as adeptas à meia-calça.
Na sequência, a Vivaz trouxe uma coleção repleta de aplicações em transparência – tendência que abordamos inclusive em nosso Bureau. Os glamorosos longos contrastaram com camisas delicadas, laços e saias lápis. A sofisticação do preto, cinza e nude ganhou toques pontuais em laranja, trazendo um pouco de vida aos looks mais sóbrios.
À tarde, a mineira Chicletes com Guaraná contou a história de Cleópatra em suas peças. A história do Antigo Egito foi estudada a fundo e traduzida em peças bastante fluidas, plissadas, com aplicações de paetês e franjas. A estamparia, em especial, narrou a trajetória da rainha em três momentos distintos: primeiro, como a personagem da musa Elizabeth Taylor, através de estampas multiplicadas de seu rosto em diferentes cenas do filme; segundo, representando as cartas de amor enviadas a Marco Antônio; e, por fim, em geométricos, que fazem alusão as suas joias. A cartela de cores demonstrou nuanças como o tom do Saara (camelo) e o azul do Nilo.
Aurea Prates retornou as transparências à passarela, com uma coleção também inspirada em uma figura marcante: Rita Hayworth. A cintura alta e a camisaria aparecem com força, entre os delicados brocados, rendas e babados. Preto, branco e bege compõem a cartela de cores, garantindo a elegância.
Em seguida, o estreante Vitor Zerbinato mostrou seu talento em modelagem e acabamento. O inverno do designer traz de tudo um pouco: estruturadas arquitetônicas, experimentações com diferentes tecidos e texturas, mix de estampas, paetês escamados e formas geométricas. Tudo executado com perfeição. E as transparências novamente aparecem nas passarelas mineiras.
Único desfile de acessórios do dia, a Camaleoa exibiu seu trabalho único de bijoux, em que o couro é usado como principal matéria-prima, dando suporte à arquitetura de todas as peças da coleção. O inverno da marca de Erika Maren traz formas geométricas, vazados retos e em estampas tribais, muitas tachas e pinos em dourado e prateado. Destacamos as tornozeleiras destalhadas e os robustos braceletes.
A modelagem solta e fluida dominou os desfiles da noite. Macacões, calças mais largas, saias longas e vestidos midi foram as apostas da paulistana Uma para um inverno confortável, sem perder a sofisticação. Combinados com ankle boots, as peças destaque certamente foram os blazers militares, muito bem estruturados.
E, para fechar a noite, a Alessa nos levou à Itália, uma homenagem ao pai da estilista, que nasceu em Roma. A estamparia digital ilustrou as imagens típicas do país nas peças, como a Torre de Pisa, Pinocchio, a Vespa e até mesmo cartões postais. Cetim, seda, fluit, malhas, mousselini e lurex foram os materiais escolhidos para garantir a leveza das roupas.
Camila Beaumord
Imagens: Fotosite