A reconhecida consultoria Bain & Company acaba de divulgar a atualização de seu estudo mundial do mercado de luxo. Intitulado “Luxury Goods Worldwide Market Study”, o material é considerado um termômetro da indústria e foi apresentado recentemente na conferência da Fondazione Altagamma (associação comercial de bens de luxo da Itália). Os números favorecem a solidificação do setor; a pesquisa revela que as vendas de bens de luxo em todo o mundo devem exceder a marca de 200 milhões de euros este ano, superando a agitação na Europa e enfraquecendo os temores de desaquecimento nos mercados emergentes.
“O rápido crescimento econômico mundial está trazendo mudanças ainda mais rapidamente para o setor de luxo”, avalia Claudia D’Arpizio, sócia da Bain em Milão e principal autora do estudo. . “Com mais mercados para gerenciar e a corrida para antecipar tendências, marcas que lutam para responder e se adaptar podem enxergar esse rápido crescimento como uma faca de dois gumes”.
A Bain prevê ainda uma média anual de crescimento de 7% a 9% nas vendas no mercado de luxo para alcançar as expectativas das marcas até 2015. Além disso, o estudo aponta para a continuidade das principais tendências do mercado de luxo, que passou por uma forte recuperação desde a recessão em 2008/ 2009: o crescimento das vendas online, a rápida expansão da China e a mudança de canais multimarcas para lojas monomarcas continuam sendo fatores a serem observados. Mais importante, a Bain acredita que o luxo se tornou um mercado genuinamente global.
Dentre as categorias que mais crescem no segmento está a de acessórios, que deverá ultrapassar as demais em quase um dobro. Além disso, o desenvolvimento do mercado está se movendo para a ponta extrema do espectro do luxo, com as marcas e produtos high-end ultrapassando as ofertas mais acessíveis em 2% a 4% ao ano.
“As marcas devem desenvolver estratégias com alcance muito mais amplo do que já feito até hoje”, afirma D’Arpizio. “As lições aprendidas anteriormente nos mercados emergentes irão ajudar, mas agora se deve pensar na gestão de uma diversidade ainda maior de preferências dos consumidores, e mais variações no modelo de como levar seus produtos ao mercado”.
Veja mais algumas mudanças fundamentais do mercado de luxo nos próximos três a cinco anos, identificadas pela Bain:
· Os consumidores chineses, incluindo seus gastos como turistas, agora respondem por mais de 20% das vendas mundiais de luxo. Os consumidores asiáticos (incluindo Japão, Coréia e Sudeste da Ásia) representam mais de 50%
· 30% das vendas mundiais de luxo agora ocorrem nos mercados emergentes
· A média de idade dos consumidores de luxo asiáticos está diminuindo enquanto que no Japão, Europa e Estados Unidos ela aumenta, criando uma nova geração de consumidores de luxo, com gostos e preferências muito diferentes
· As mulheres estão se destacando em áreas de compras tradicionalmente do universo masculino (traje de negócios, relógios de luxo)
· Os homens estão mais propensos a buscar marcas tradicionalmente femininas em moda e beleza
· O uso do produto de luxo tem se transferido para ocasiões mais casuais, o que por sua vez afeta os tipos de produtos que as marcas desenvolvem (por exemplo, linhas de vestuário casual chique)
· O mercado de luxo vem sendo abastecido por novos consumidores que gastam muito. Por sua vez, a busca insaciável desses mesmos consumidores por alta qualidade e materiais artesanais favorece a oferta de bens de luxo absoluto
· As marcas premium e fast fashion competindo diretamente com os segmentos inferiores do luxo estão forçando as empresas a repensar a sua proposição de valor
· A convergência das lojas, unindo e-commerce, mídias sociais e mobile commerce, está criando uma experiência multicanal para os consumidores
Camila Beaumord